Audição e Cognição: Com o aumento da idade, frequentemente aparecem queixas relacionadas a alterações cognitivas, como problemas de memória e atenção, além de dificuldades auditivas. Tais dificuldades podem gerar dificuldades comunicativas, pois é necessário fazer uso da audição e cognição, para o reconhecimento de fala e compreensão da mensagem.
A perda auditiva decorrente do processo de envelhecimento é chamada de presbiacusia. Trata-se de uma perda auditiva neurossensorial que atinge principalmente as frequências mais altas do sistema coclear bilateralmente, e que também altera as vias auditivas centrais1. Ela é caracterizada pela presença de recrutamento, por resolução de frequências e duração, que prejudicam a discriminação da fala2.
No idoso, o prejuízo na audição periférica diminui também a qualidade do processamento auditivo central, podendo dificultar as relações sociais, uma vez que compromete não só o “ouvir”, mas também compreender o que se “ouve”3.
Quando se trata de reconhecimento de fala em ambientes ruidosos, com diversas fontes sonoras, o esforço cognitivo exigido é ainda maior, pois nessas situações é necessário ignorar o ruído e focar a atenção na fala de interesse. Quando se tem a qualidade da entrada sonora reduzida, devido à presença de mascaramento ou distorção, tem-se uma piora da memória e da compreensão4.
Com o avanço da idade, modificações fisiológicas próprias do envelhecimento, levam ao aparecimento de alterações cognitivas, os principais sintomas observados nesses casos são: alterações na memória, principalmente de fatos recentes, problemas de atenção, deterioração espacial e dificuldades de cálculos matemáticos5.
Os processamentos auditivo e cognitivo devem se relacionar para uma melhor qualidade comunicativa. Dessa maneira, na presença de alterações cognitivas e na entrada auditiva, que acontecem em grande parte da população idosa, podem gerar grandes dificuldades comunicativas.
Independentemente da idade, o ouvinte é capaz de usar a informação dependendo da qualidade da entrada. Portanto, o desempenho cognitivo é ótimo quando a escuta é sem esforço, no entanto, é reduzido quando a escuta é com esforço. Desta forma, a perda auditiva não tratada pode implicar em uma piora do processamento cognitivo ao longo do tempo4.
Existe uma relação entre perda de audição e alterações cognitivas6. A audição está relacionada diretamente com a cognição, e componentes cognitivos estão envolvidos no processamento auditivo7.
Se o indivíduo possui alguma alteração auditiva, ele é um indivíduo de risco, pois se não for realizada uma reabilitação auditiva, pode ocorrer uma deterioração das funções cognitivas8. Portanto, a entrada externa é extremamente importante para o processamento da informação, que depende também da memória de trabalho e do conhecimento de mundo do indivíduo12.
Uma escuta difícil requer mais esforço para ouvir, como, por exemplo, acontece em uma conversa com múltiplos falantes. Esta situação implica em um maior número de recursos cognitivos sendo direcionados para a escuta e, quanto mais esforço se faz para escutar, menos recursos cognitivos ficam disponíveis para que se retenha ou se compreenda o que é ouvido4.
Referência Bibliográfica
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As informações aqui colocadas são de caráter informativo. Cada paciente possui suas particularidades e deve ser avaliado e tratado de forma individualizada. Se você tem algum problema de saúde, procure um médico especialista.”
Fgª Sthefany Rodrigues