Aparelho Auditivo: por que algumas pessoas têm tanta dificuldade em escolher um?

Aparelho Auditivo: Por que será que algumas pessoas tem tanta dificuldade em escolher e principalmente em se adaptar com um aparelho auditivo?
Trabalho há 22 anos com próteses auditivas e após estes anos convivendo com diversos pacientes usuários de aparelhos auditivos, posso eleger alguns fatores que determinam a má adaptação com as próteses auditivas:

– ESCOLHA INADEQUADA DO MODELO:

Muitos pacientes não aceitam a sugestão do profissional na escolha do modelo do aparelho. E muitos profissionais se deixam levar pela insistência do paciente. A escolha do modelo do aparelho auditivo é determinada principalmente pela perda auditiva apresentada e pela anatomia do ouvido do paciente. Muitos pacientes se recusam a utilizar o modelo sugerido e acabam convencendo o profissional a trocar a indicação. Este fator frequentemente determina o insucesso da adaptação. Sinceramente, prefiro perder um paciente do que adaptar um modelo inadequado apenas para atender as exigências estéticas, por exemplo.
Siga a orientação profissional, ela deve ser decisiva na sua escolha.

– UTILIZAÇÃO DO APARELHO AUDITIVO APENAS EM ALGUMAS SITUAÇÕES

É comum ouvirmos do paciente que ele irá utilizar o aparelho auditivo apenas em algumas situações porque ele acredita que em determinados momentos ele não precisa, pois o seu desempenho auditivo é muito bom. Será que este comportamento é adequado?
Devemos considerar que a orelha é apenas a porta de entrada do estímulo auditivo para o cérebro e é no cérebro e não, no aparelho auditivo, que ocorrerá a compreensão do estímulo sonoro e o cérebro necessita de estimulação contínua para que suas habilidades de compreensão esteja integras e afiadas. Portanto, quem utiliza o aparelho auditivo em algumas situações pode até ouvir melhor nestas situações, mas certamente não tem a habilidade de compreensão adequadamente estimulada para todas as situações e, portanto, não faz bom uso dos aparelhos e provavelmente irá deixar de usar os dispositivos rapidamente, encostando-os na gaveta.
Considere seus aparelhos auditivos como máquinas para estimular o seu cérebro! Quanto mais horas ele estiver nos seus ouvidos mais estimulado e hábil estará o seu cérebro.

– EXPECTATIVAS INADEQUADAS

Com o avanço da tecnologia é certo que a qualidade sonora oferecida pelos aparelhos auditivos está cada vez melhor. No entanto, eles ainda não são iguais ao ouvido humano normal. Estes dispositivos apresentam limitações e estas limitações precisam ser conhecidas.
Pergunte ao seu profissional quais são as verdadeiras limitações que os aparelhos auditivos possuem para o seu caso e conheça estratégias para superá-las. Tenha expectativas reais e aprenda a driblar as dificuldades causadas pelas limitações.

– ESCOLHA DO APARELHO AUDITIVO PELO PREÇO

Infelizmente este é o erro mais difícil de contornar, pois o valor muitas vezes é limitante no momento da escolha e ambos, profissional e paciente, se sentem impossibilitados de mudar. No entanto, sabemos que existem diferenças tecnológicas que podem ser determinantes para uma adequada adaptação e fatalmente estas soluções tecnológicas encarecem o aparelho auditivo. O usuário deve compreender que a relação custo-benefício deve ser sempre considerada no momento da compra e que, às vezes é melhor gastar um pouco mais e ficar satisfeito, do que realizar a escolha pelo valor e não conseguir usar o aparelho.

“As informações aqui colocadas são de caráter informativo. Cada paciente possui suas particularidades e deve ser avaliado e tratado de forma individualizada. Se você tem algum problema de saúde, procure um médico especialista.”

Fga Dra Elaine Soares
CRFª 2-8024