Reabilitação Auditiva na infância se inicia na identificação precoce da perda auditiva. A falta de estímulos auditivos nos primeiros meses de vida pode ser responsável pelo enfraquecimento de conexões neurais específicas para o desenvolvimento das habilidades auditivas. Deste modo, a perda auditiva não tratada acarreta consequências irreversíveis não somente ao desenvolvimento de linguagem, mas também ao desenvolvimento cognitivo, educacional etc.
A triagem auditiva neonatal, obrigatória no Brasil desde 2010, tornou possível a identificação precoce de perdas auditivas, que antes chegariam para reabilitação de forma muito tardia. O surgimento de bebês cada vez mais jovens com suspeita de perda auditiva impulsionou o desenvolvimento tecnológico e principalmente profissional e tornou o diagnóstico eletrofisiológico mais preciso e objetivo.
Para que o processo de reabilitação ocorra com responsabilidade é fundamental o uso de um protocolo de diagnóstico eletrofisiológico que determine o perfil auditivo (limiares de 500Hz, 1000Hz, 2000Hz e 4000Hz) e que também determine o tipo de perda auditiva (neurossensorial ou condutiva). Com base nessas informações o fonoaudiólogo pode escolher dentre as soluções auditivas existentes a que mais se adequa às necessidades do paciente:
– Aparelho de amplificação sonora individual: os aparelhos auditivos são uma excelente solução para a maioria das perdas auditivas em crianças. O protocolo específico de seleção e adaptação de aparelhos auditivos deve contemplar:
• processo de moldagem: moldes que garantam retenção e conforto;
• Regra prescritiva adequada : DSL V5 pediátrica
• RECD : realização do Real Ear Coupler Difference – que consiste em determinar a diferença entre a orelha real do paciente e o acoplador de 2ml (essa medida será utilizada tanto na seleção quanto na verificação do aparelho auditivo)
• Identificação do SII (speech inteligibility index)
• Validação através de testes de fala no silêncio e no ruído.
• Avaliação do comportamento auditivo frente aos sons
• Questionários de autoavaliação a serem aplicados nos pais para observar o desenvolvimento
– Microfones remotos: utilizados principalmente quando a audibilidade obtida não é resistente aos efeitos da distância e do ruído. Deve ser adaptado a partir do momento que o paciente se encontra em situações de distância do falante ou ruído de fundo.
– Próteses osteoancoradas: utilizadas em casos em que a estimulação por via aérea é não possível, como por exemplo, no caso das microtias. Em crianças com idade inferior a 5 anos considera-se o uso das próteses em banda elástica (softband) ou adesivo;
– Implantes cocleares: indicados principalmente quando o benefício com as próteses auditivas convencional não é satisfatório. Antes de encaminhar o paciente para o implante, devemos descartar a possibilidade de amplificação satisfatória.
Paralelo à escolha e acompanhamento das soluções auditivas, o paciente precisa iniciar terapia fonoaudiológica. O objetivo da terapia fonoaudiológica é favorecer o desenvolvimento da linguagem oral através do sentido da audição. O ideal para que este processo transcorra com sucesso é que a família esteja envolvida e consiga adequar o dia a dia de acordo com as orientações recebidas.
O processo de reabilitação auditiva é sem dúvida nenhuma um processo multidisciplinar, onde o foco é garantir o desenvolvimento do paciente. A família deve ser a chave do processo, e suas escolhas devem ser respeitadas.
“As informações aqui colocadas são de caráter informativo. Cada paciente possui suas particularidades e deve ser avaliado e tratado de forma individualizada. Se você tem algum problema de saúde, procure um médico especialista.”