A perda auditiva em idosos é um assunto sério e pode afetar até mesmo a personalidade, e se não receber ajuda e tratamento pode levar a depressão.
“Um em cada 3 idosos brasileiros apresenta alguma alguma limitação funcional. Desse grupo, 80% — cerca de 6,5 milhões de indivíduos — recebem ajuda de familiares para realizar alguma atividade do cotidiano, como fazer compras ou se vestir, mas 360 mil não podem contar com o apoio dos parentes” dados da pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz de Minas Gerais em 2016.
O envelhecimento não é escolha, faz parte do processo da vida, diz respeito a perda das funções normais que ocorrem com o passar dos anos, que começam a ficar mais evidentes a partir dos 60 anos. Neste momento a compreensão e o diálogo são fundamentais para melhorar a qualidade de vida e a saúde emocional do indivíduo.
O idoso pode experimentar muitas vezes a perda da sua capacidade de comunicação por apresentar perda auditiva. O declínio da audição leva constantemente ao isolamento e a depressão, tendo grande repercussão na saúde geral. Filhos, familiares ou cuidadores frequentemente apresentam dificuldade em lidar com a deficiência auditiva e precisam compreender como funciona a audição no idoso e como favorecer a comunicação.
É muito comum a perda auditiva no idoso acometer mais as frequências agudas do que as graves, com isso alguns sons são perfeitamente audíveis enquanto outros não. Muitas vezes, isto passa a impressão de que o paciente ouve quando quer, o que não é real. O ambiente de escuta também é muito importante, pois o sistema auditivo do idosos tem maior dificuldade em ambientes com ruído e com diversas fontes sonoras.
É importante que a família reconheça a perda auditiva e que procure ajuda. Os aparelhos auditivos possibilitam, desde que adequadamente ajustados, uma melhor percepção dos sons, apesar de não solucionarem todos os problemas relacionados ao envelhecimento da função auditiva. Portanto, além do uso da amplificação os cuidadores devem estar sensibilizados e podem ser auxiliados com algumas mudanças simples de comportamento como podemos ver a seguir:
- Não é necessário gritar! Principalmente se a perda auditiva está amplificada, muitas vezes o problema não é auditivo, o problema é de compreensão. Portanto, fale de forma clara e articulada e utilize vocabulário conhecido;
- O ruído atrapalha! Lembre-se que com o envelhecimento da via auditiva a capacidade de compreensão no ruído diminui, portanto desligue fontes de ruído, como tv por exemplo, se quiser manter uma conversa agradável;
- Evite muitas fontes sonoras! Procure falar uma pessoa de cada vez, pois o idoso tem mais dificuldade de compreender todos ao mesmo tempo.
- Dê o contexto! Se perceber que o idoso não está conseguindo acompanhar a conversa forneça o contexto, assim ele terá mais afinidade com o vocabulário. Diga por exemplo: Estamos falando sobre a festa de ontem!
- Não limite o número de estímulos! Todos fazemos leitura orofacial, mas é muito comum observar cuidadores exigindo que o idoso compreenda sem olhar para o rosto. Isso é desnecessário, quanto mais pista melhor! Fale de frente e em ambiente iluminado para favorecer a visualização da fala além da audição.
Além de todas estas dicas, doses de amor e paciência muitas vezes são necessárias para manter a harmonia e tornar a convivência mais feliz.