Perda Auditiva: Certos tipos de tratamentos têm repercussão na saúde auditiva, entre eles, a quimioterapia e o uso de alguns medicamentos. Esses medicamentos ou tratamentos que afetam a audição são chamados de ototóxicos.
A ototoxicidade são danos causados à orelha interna, órgão responsável pela audição e equilíbrio, devido à exposição a alguns medicamentos.
A perda auditiva ocorre, pois esses medicamentos entram em contato com as células ciliadas do nosso ouvido, deixando-as com funcionamento alterado ou até mesmo sem funcionamento. Como as células ciliadas são umas das principais estruturas responsáveis por nos fazer ouvir, qualquer alteração nessas células resultará em uma perda da audição.
Atualmente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem cerca de 600 medicamentos com potencial efeito ototóxico. Entre eles, os mais comuns encontrados na prática clínica são:
- Antibióticos aminoglicosídeos – gentamicina: utilizado no tratamento de infecções graves, como meningite e infecções renais;
- Antimaláricos: utilizado no tratamento da malária;
- Antineoplásico – cisplatina e/ou derivados da platina: utilizado no tratamento de vários tipos de tumores;
- Diuréticos de alça: atuam no tratamento de diversos tipos de doenças, como cirrose hepática, hipertensão arterial, insuficiência renal, entre outras.
Na quimioterapia, entre a composição dos medicamentos para o tratamento de diversos tipos de tumores, destaca-se a cisplatina, que é um grande agente causador da perda auditiva. Estudos já comprovam que a cisplatina causa perda auditiva irreversível e está presente em 20% a 90% dos casos de adultos que precisam fazer uso desse medicamento. No público infantil, essa estimativa é ainda maior, cerca de 50% a 90% dos casos de crianças expostas à cisplatina tem perda da audição.
A perda auditiva causada por medicamentos ototóxicos consiste em uma perda auditiva neurossensorial, quando ocorre a morte das células ciliadas internas. Na maior parte dos casos é de caráter permanente e pode acometer um ouvido apenas ou ambos. O início dos sintomas e a gravidade da perda auditiva dependem do grau de ototoxicidade do medicamento utilizado, da dosagem, do tempo de exposição a esse medicamento e também da via utilizada para a administração do medicamento.
Os sintomas que podem ser associados a medicamentos ototóxicos vão além da perda auditiva e podem se apresentar como zumbido, sensação de ouvido tampado, vertigem e desequilíbrio. Além disso, o início dos sintomas podem variar de dias a semanas semanas após a administração dos medicamentos.
Para evitar a perda auditiva causada por medicamentos ototóxicos, a OMS orienta o uso criterioso desses medicamentos, além de um monitoramento audiológico criterioso durante e após a exposição a esses medicamentos.
O monitoramento audiológico auxiliará na comparação dos testes auditivos durante o curso da terapia, identificação e reabilitação precoce da perda auditiva e inclusive possíveis alterações na própria terapia medicamentosa, caso haja a possibilidade. Atualmente, alguns medicamentos, chamados de otoprotetores, têm sido utilizados com o objetivo de proteger o ouvido interno, evitando ou reduzindo a perda auditiva causada pelos medicamentos ototóxicos. Entretanto, estudos e pesquisas sobre os medicamentos otoprotetores ainda precisam evoluir.
“As informações aqui colocadas são de caráter informativo. Cada paciente possui suas particularidades e deve ser avaliado e tratado de forma individualizada. Se você tem algum problema de saúde, procure um médico especialista”.
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Fgª Déborah Aurélio Temp
Crfa 2-2420
Pós-graduanda em Seleção e Adaptação de Dispositivos Auxiliares de Audição
Mestranda em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação (UNICAMP)