A surdez se torna uma preocupação quando compreendemos a importância da audição. A audição é o único sentido que nos conecta ao mundo 24 horas por dia, ou seja, mesmo enquanto dormimos ela continua informando ao nosso cérebro sobre o meio externo. É através dela que o ser humano adquire linguagem, conceitos e domina a Comunicação.
Estudos confirmam que mesmo no útero materno recebemos informações auditivas e elas já funcionam como a primeira conexão com o mundo externo. Ao nascermos, estes sons já ouvidos e memorizados durante a gestação representam nosso conforto e segurança.
Podemos dizer que surdez é a ausência, perda ou diminuição considerável do sentido da audição. Quando ela ocorre existe um distanciamento das relações pessoais permeadas pela comunicação. Os estímulos auditivos ausentes ou parciais irão determinar uma formação anômala do córtex auditivo.
O termo surdez normalmente é mais utilizado quando a perda auditiva é total, nos demais casos comumente se utiliza o termo deficiência auditiva.
A perda auditiva pode ser dividida quanto ao tipo e grau. Quanto ao tipo temos perdas neurossensoriais, condutivas, mistas e centrais.
As perdas auditivas neurossensorais são causadas por alterações do ouvido interno, elas ocorrem nas células ciliadas externas, internas ou ainda no nervo auditivo.
As perdas auditivas condutivas são causadas por alterações na condução do estímulo sonoro, ou seja, apesar do ouvido interno estar íntegro, devido à um comprometimento na condução aérea o som necessita de maior intensidade para conseguir estimular a cóclea (órgão da audição). São causadas por exemplo, devido a otites, lesão dos ossículos ou até mesmo obstrução do canal auditivo por rolhas de cera.
As perdas auditivas mistas ocorrem quando o indivíduo possui lesão tanto na condução sonora quanto na orelha interna.
As perdas auditivas centrais são aquelas onde a estrutura e a fisiologia auditiva estão preservadas, no entanto, existem lesões cerebrais (que podem ocorrer tanto em tronco encefálico quanto em córtex auditivo) que determinam a ausência da percepção ou da discriminação auditiva.
Quanto ao grau a perda pode ser: mínima, leve, moderada, moderadamente severa, severa e profunda.
As perdas mínimas acometem algumas frequências de forma muito leve e por isso muitas vezes o tratamento é negligenciado. No entanto, elas prejudicam a perfeita compreensão da fala por impedir a audição de alguns fonemas, principalmente na presença de ruído de fundo. Estas perdas não tratadas são responsáveis por um aumento da fadiga e do stress, o que interfere na atenção auditiva e na capacidade de concentração.
Nas perdas leves apesar da audição ser relativamente boa em ambientes silenciosos, existe importante comprometimento da compreensão da fala em ambientes ruidoso.
Crianças acometidas com esta perda normalmente, apesar de desenvolver fala, serão de risco para distúrbios articulatórios.
As perdas moderadas trazem importante dificuldade em ouvir fala, comprometendo a compreensão até em ambientes silenciosos, principalmente à distância. Em ambientes ruidosos o indivíduo com este grau de perda terá compreensão mínima e necessitará de outros recursos além do auditivo para garantir a comunicação.
As perdas moderadamente severas comprometem fortemente a clareza da fala. A conversa em grupo se torna muito difícil, o volume precisa ser mais forte e o uso de recursos extra auditivos é imprescindível.
Nas perdas severas a fala normal não é audível. A comunicação não se dá pela audição, ou seja, o indivíduo se torna dependente da comunicação visual. Nem sempre a amplificação garante a audibilidade de fala.
Nas perdas profundas a fala também não é ouvida e mesmo a amplificação através de aparelhos auditivos dificilmente devolverá estímulos de fala.
A surdez pode também ser unilateral, afetar um único ouvido ou bilateral, afetar ambos ouvidos. As perdas unilaterais apesar de menos comprometedoras dificultam a compreensão em ambientes com ruído de fundo e a localização da fonte sonora.
No quadro abaixo conhecido como audiograma de sons familiares podemos compreender quais sons são ouvidos nos diferentes graus de perdas auditivas:
A surdez pode se desenvolver de várias maneiras ao longo do tempo, de forma súbita ou progressiva.
Atualmente a nossa maior preocupação é a prevenção da deficiência auditiva. Campanhas de prevenção e orientação devem ser estimuladas.
No Brasil temos a Lei Federal desde 2010 que obriga a realização da triagem auditiva neonatal em todos as maternidades brasileiras. A detecção precoce da surdez apesar de não significar a cura garante o melhor prognóstico levando a criança através do tratamento adequado ao desenvolvimento semelhante ao de uma criança ouvinte de mesma faixa etária.
Em caso de dúvida, consulte um especialista.
“As informações aqui colocadas são de caráter informativo. Cada paciente possui suas particularidades e deve ser avaliado e tratado de forma individualizada. Se você tem algum problema de saúde, procure um médico especialista.”
Fga Dra Elaine Soares
CRFª 2-8024