Treinamento auditivo: Muitos pacientes usuários de aparelhos de auditivos (AASI), bem adaptados, com os seus aparelhos verificados e validados adequadamente, ou usuários de Implante Coclear (IC), relatam continuar com dificuldade de entendimento de fala, principalmente em ambientes com ruído competitivo.
Mas porque isso acontece?
Isso acontece porque, para interpretar e compreender o que ouvimos nós precisamos de algumas habilidades auditivas específicas, sendo o conjunto dessas habilidades denominado de Processamento Auditivo Central.
As próteses auditivas ou implantes vão fazer com que a pessoa volte a ter acesso aos sons, que antes não tinha por conta de sua perda, porém para que o entendimento aconteça, esse som deve ser transformado em impulsos elétricos, sendo processado pelos neurônios da via auditiva, percorrendo diferentes regiões do nosso Sistema Nervoso.
Essas habilidades são responsáveis, por exemplo, pela nossa capacidade de localizar um som, de prestar atenção em uma conversa e não no ruído de fundo, de memorizar e perceber diferenças entre tipos de som, etc.
As habilidades podem estar alteradas em indivíduos com audição normal e de diferentes idades. Fatores como hereditariedade, otites recorrentes nos primeiros 18 meses de vida, experiências auditivas insuficientes durante a primeira infância, alterações neurológicas, entre outras, podem estar relacionadas com o transtorno das habilidades do processamento auditivo central.
Nos pacientes com perda auditiva, a privação causada pela perda, pode fazer com que essas habilidades fiquem comprometidas, por conta da falta de estímulos na via auditiva, e esse comprometimento vai variar de acordo com o tipo e grau da perda, a idade do paciente, a causa da perda, o tempo de privação sonora, entre outros.
Por isso, assim que diagnosticada a perda auditiva, a reabilitação já deve ser feita com a cirurgia de implante coclear, ou a adaptação dos aparelhos auditivos, para minimizar os danos causados no sistema auditivo pela privação auditiva.
Quando esta via auditiva está muito “comprometida”, mesmo com o uso dos aparelhos ou IC, esses pacientes continuam com queixas de compreensão de fala, principalmente em lugares ruidosos, ou em conversas em grupos.
Nesses casos é indicado a realização de uma avaliação do Processamento Auditivo Central, para que possamos verificar se há alteração e quais as habilidades alteradas, para posteriormente fazermos um “treinamento” dessas habilidades, o Treinamento Auditivo.
Esse treinamento vai se basear na “neuroplasticidade cerebral” que é a capacidade que o nosso cérebro tem de aprender a se reprogramar quando exposto a novas experiências e estímulos intensos.
No treinamento são realizados exercícios auditivos para estimular as habilidades auditivas, que podem ser feitos em cabines acústicas ou com softwares especializados.
Os exercícios devem ser feitos por um período de tempo especificado pelo seu terapeuta, sendo a frequência importante para que o resultado seja alcançado. Os exercícios periódicos vão ajudar na modificação das estruturas cerebrais relacionadas com o processamento auditivo, fortalecendo e aumentando suas redes neurais, e assim melhorando a compreensão de fala.
A indicação do treinamento auditivo deve ser feita pelo fonoaudiólogo que acompanha sua saúde auditiva, responsável pelo acompanhamento do seu IC ou pela adaptação de seus aparelhos auditivos.
Por isso é muito importante o acompanhamento frequente nas consultas, os exames auditivos estarem em dia, e o paciente relatar suas queixas e dificuldades para o profissional, para que ele possa analisar individualmente as alternativas disponíveis para uma audição cada vez mais eficiente e uma comunicação melhor!!!
Entre em contato com um de nossos profissionais!
“As informações aqui colocadas são de caráter informativo. Cada paciente possui suas particularidades e deve ser avaliado e tratado de forma individualizada. Se você tem algum problema de saúde, procure um médico especialista.”